A linha do tempo proposta aqui conecta a história do Aglomerado Cabana do Pai Tomás à história da cidade de Belo Horizonte, fundada oficialmente em 1897. 

Busca-se pensar na formação das vilas e favelas da cidade, que entrelaçadas a partir da interação histórica dos sujeitos que buscavam o acesso à moradia digna numa cidade planejada pelas classes dominantes e para as classes dominantes. 

Na história oficial, um grupo de homens, mulheres e crianças, em busca de moradia, começou a ocupar o que se transformou no Cabana.

Em parte do antigo território, havia uma plantação de eucaliptos que pertencia ao empresário e político Antônio Luciano. 

A organização de moradores resolveu tomar a iniciativa histórica em suas próprias mãos e realizar a ocupação das terras de Antônio Luciano para pressionar que a prefeitura concretizasse as promessas de desapropriação. Esse fato se relaciona com outros acontecimentos que envolveram mobilizações, passeatas, resistência às tentativas de expulsão e à construção de alianças entre os ocupantes com partidos políticos e setores progressistas da Igreja Católica que apoiavam a luta dos trabalhadores.

Em relação ao nome que leva a favela, quatro configurações de memória coletiva circulam entre a população, conforme podemos verificar na dissertação de mestrado de Alisson Cunha (2003), intitulada A Favela Cabana do Pai Tomás: a ocupação consentida – memória e história.  

A primeira se refere à relação com o romance estadunidense A Cabana do Pai Tomás (1851), de Harriet Stowe (1811-1896), que foi adaptado como telenovela pela rede Globo em 1969. A memória remete à existência de um homem negro, idoso, morador de uma pequena casa na região, elemento que traça um paralelo com a narrativa da novela.

A segunda remete à lembrança da existência de um bar/restaurante, localizado na Avenida Amazonas, que tinha o nome Cabana do Pai Tomás. Os moradores se referiam a esse bar como lugar de “noitadas”, “salão de dança”, “palco de mulherada”. 

A terceira memória trata de um capataz que morava na região, chamado Tomás, ele possuía uma cabana em que cuidava dos animais dos viajantes que passavam e pernoitavam pelo lugar. 

Por fim, a quarta tem relação com um curandeiro, chamado Joaquim Tomás, procurado pelas pessoas enfermas para benzer. Por vezes, remetido como um benzedor, como preto velho ou indígena. Os moradores também narram o que seria a sua cabana, procurada em caso de necessidades de saúde e espirituais.

A linha do tempo é o esforço de se pensar em uma história que ultrapassa a oficialidade e reposiciona sujeitos que, muitas vezes, foram esquecidos ou negligenciados na cidade.

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